Leitura em declínio: brasileiros leem menos e acesso à biblioteca é precário

Apenas 16% da população adulta compra livros, revelando um cenário preocupante de escassez de leitura no país

Em um país com mais de 220 milhões de habitantes, o índice de leitura é alarmante: apenas 16% da população adulta comprou livros nos últimos 12 meses, de acordo com dados do censo do IBGE. Essa realidade preocupante expõe um cenário de escassez de leitura no Brasil, marcado por disparidades de acesso, desigualdades socioeconômicas e falta de incentivo à cultura.

Em estudo realizado via Google Forms 69% dos entrevistados têm o hábito de leitura em 2024

Mulheres e classes altas dominam o mercado editorial

As mulheres se destacam como as maiores leitoras, representando 57% dos compradores de livros. Já em relação à renda, as classes A e B dominam o mercado, com 34% e 25% de participação nas vendas, respectivamente. A escolaridade também é um fator determinante: 90% dos consumidores de livros possuem nível superior ou ensino médio completo.

Os obstáculos à leitura

Os brasileiros apontam três motivos principais para não comprarem livros:

• Alto custo: 35% dos entrevistados consideram os livros caros, especialmente quando comparados a outros produtos básicos.
• Falta de livrarias: 28% relatam a dificuldade de encontrar livrarias físicas em suas localidades.
• Falta de tempo: 26% alegam não ter tempo para ler devido à rotina corrida.

O preço elevado dos livros é um obstáculo significativo, principalmente para as classes menos favorecidas. A comparação com o custo de itens básicos como o arroz torna evidente a dificuldade de acesso à leitura para grande parte da população.

Alternativas para o leitor, mas nem todos têm acesso

Apesar dos desafios, 55% dos consumidores optam por comprar livros online, buscando ofertas e promoções em plataformas como Amazon e Submarino. Datas como Black Friday e Semana do Consumidor são consideradas importantes para os compradores, possibilitando a aquisição de livros com preços mais acessíveis.

Bibliotecas públicas: um recurso subutilizado e com infraestrutura precária

As bibliotecas públicas se configuram como uma alternativa viável para o acesso à leitura, mas ainda são pouco utilizadas pela população. Segundo dados do Ministério da Cultura, apenas 52% dos municípios brasileiros possuem bibliotecas públicas em funcionamento. A falta de infraestrutura adequada, a carência de acervos atualizados e a baixa divulgação dos serviços são alguns dos fatores que contribuem para a subutilização desse recurso.

Em pesquisa realizada via Google Forms, 46% dos entrevistados não sabia como acessar uma biblioteca pública

Déficit de leitura

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2023, apresentou um panorama misto, marcado por desafios e sinais de esperança. De acordo com esse estudo, mais de 80% dos brasileiros não compraram nenhum livro durante este ano.

Porém, nem tudo é negativo, a pesquisa apontou que 60% dos entrevistados consideram a leitura importante, mesmo sem praticar. Outro ponto positivo é que o número de consumidores de livros no Brasil chegou a 25 milhões, com destaque para a classe C (43% dos compradores).

Segundo o IBGE , apenas 16% da população adulta (acima de 18 anos) comprou livros nos últimos 12 meses.

35% dos brasileiros consideram os livros caros.
28% relatam a falta de livrarias em suas localidades.
26% alegam não ter tempo para ler.

Consequências do Déficit Literário

Baixo nível de escolaridade: A baixa taxa de leitura impacta diretamente no desempenho escolar dos alunos, prejudicando o aprendizado e o desenvolvimento das habilidades cognitivas.

Desenvolvimento social precário: A leitura é fundamental para o desenvolvimento da cidadania, da criatividade, do senso crítico e da capacidade de argumentação, aspectos essenciais para o desenvolvimento social de um país.

Desigualdade de acesso à informação: O déficit literário contribui para a perpetuação das desigualdades sociais, pois limita o acesso à informação e ao conhecimento para grande parte da população.

Combater o déficit de leitura: um desafio urgente para a sociedade brasileira

Incentivar a leitura desde a infância, investir na formação de leitores, democratizar o acesso aos livros, fortalecer as bibliotecas públicas e combater a desigualdade socioeconômica são medidas essenciais para construir uma sociedade mais leitora e engajada no conhecimento.

Algumas soluções para combater esse déficit seria:

• Democratização do acesso aos livros: Reduzir o preço dos livros, disponibilizar livros digitais em plataformas online e ampliar o acesso a bibliotecas públicas são medidas essenciais para democratizar o acesso à leitura.
• Incentivo à leitura nas escolas: As escolas devem ter um papel fundamental na formação de leitores, através da implementação de projetos de leitura e da valorização da leitura como parte do processo de ensino-aprendizagem.
• Implementação de políticas públicas: O governo precisa investir na criação de bibliotecas públicas com acervos atualizados e infraestrutura adequada, além de promover programas de incentivo à leitura desde a infância.